No último dia 18 de abril, a minha turma de 5º Ano apresentou a peça teatral "Emília no país sem dengue".
De minha autoria, o texto foi criado especialmente para a ocasião. As paródias e as expressões corporais tiveram participação dos alunos. Vou postar apenas o texto porque não me é permitido mais colocar imagens das crianças. Mas, tenham certeza, ficou lindo.
Contista, ensaísta e tradutor, este grande
nome da literatura brasileira nasceu no dia 18 de abril na cidade de Taubaté,
interior de São Paulo, no ano de 1882.
Este notável escritor é bastante conhecido
entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples
onde realidade e fantasia estão lado a lado.
Seus personagens, como a boneca Emília, Dona
Benta, Pedrinho e Narizinho até hoje encantam adultos e crianças.
Escreveu obras infantis, como: A Menina do
Nariz Arrebitado, O Saci, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Memórias
da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo, A Chave do Tamanho e Emília
no País da Gramática. Opa! Emília no país da gramática? Por que não termos
então a “Emília no país sem dengue”? Sim... como todo livro de Monteiro Lobato,
viver em um país sem dengue é um sonho. Mas esta é uma história que deve ser
escrita por muitas mãos: as minhas, as suas, de nossos pais, de nossos
vizinhos... enfim, precisamos de todo mundo para continuar a história que vamos
contar agora. Escrita pelo professor Rogério, especialmente para o dia de hoje,
esta peça teatral é um convite à guerra: a guerra contra a dengue. Desta
guerra, todos podem participar. Não importa a idade. Só é preciso ter
consciência de que para acabar com a dengue todo mundo tem que ajudar. Vamos
ficar atentos, pois ao final teremos brindes para quem acertar as perguntas
sobre a história. Com vocês, o 5º ano do professor Rogério em: Emília no país
sem dengue!
CENÁRIO: D. Benta encontra-se sentada em uma cadeira, tecendo. Emília entra com
um recipiente contendo água que ela agita sem parar. Pedrinho e Narizinho a
seguem. D. Benta olha espantada para a boneca.
D.
BENTA
(para a Emília, sem entender nada):
__ Quê isso, Emília? Por que não para de agitar essa água? Vai acabar se
molhando toda!
EMÍLIA (naturalmente): __ Ora, a professora
acabou de dizer na sala de aula que não devemos deixar a água parada. Então...
(continua a agitar a água.)
NARIZINHO (sem muita paciência): __ Ai, vovó!
Emília e essa cabeça dura de pano! É que a professora falou sobre a dengue hoje
e essa boneca pensa que vai evitar essa doença assim. (mostra Emília que continua agitando a água.)
PEDRINHO: __ A professora
falou que para acabar com a dengue temos que acabar com a água parada.
D.
BENTA
(com paciência): __ E ela está certa,
Pedrinho! Só que a Emília está levando esse negócio de não deixar a água parada
muito a sério!
EMÍLIA (contrariada): __ Então essa doença não é um caso sério, vovó?!
D.
BENTA
(com mais paciência ainda): __ Sim,
Emília. A dengue é uma doença muito séria e que pode até matar. E o pior é que
ela está se espalhando muito rápido!
EMÍLIA (sem entender muito): __ E então? Não
posso deixar a água parada de jeito nenhum. (volta a remexer a água.)
NARIZINHO
(balançando a cabeça): __ Essa boneca não
tem jeito. Bom, o que importa é que
temos de agir rápido, eliminando os possíveis criadouros do mosquito
transmissor que são recipientes que possam acumular água.
PEDRINHO: __ Infelizmente a
dengue é assunto em todo o Brasil. Venha, Emília, vamos dar uma espiada na rua
e ver como o povo anda se comportando. (vão
para a janela, Pedrinho, Emília e Narizinho. D. Benta volta para o tricô.)
(Entra
a dupla de amigos, Mike e Júnior. Este último toma sorvete ou iogurte num
copinho.)
MIKE (para o amigo): __ Aí, você quer saber?
Eu não entro nessa paranoia de dengue. Só se fala em dengue. Dengue pra cá,
dengue pra lá. (faz o gesto com as mãos.)
JÚNIOR (parando e olhando para Mike): __ Quer
saber, Mike? Eu também não me preocupo. Aliás, minha mãe mantém o nosso quintal
muito bem limpo e tampa tudo que pode acumular água. Lógico que estou livre
dessa doença. (joga o copinho no chão.)
(Surge,
lá de trás, o casal de mosquitos da dengue. Olham para o copinho jogado no chão
como se tivessem encontrado um tesouro.)
MOSQUITO
MACHO
(todo alegre, olhando para o copinho e
para a esposa.): __ Veja, meu bem! Que bela casa! (aponta para o copinho.) Aqui seremos muito felizes.
MOSQUITO
FÊMEA (também muito alegre): __ Lógico, meu
amor! Está ótimo! Não precisamos de nada muito grande, pois nossos filhotes
crescem logo. Agora (olhando para o
marido) é só esperar uma chuvinha.
MOSQUITO
MACHO
(olhando para o tempo todo sorridente):
__ Não demora ela chegar. Vamos aguardar o momento certo. (se recolhem a um canto.)
(Entram
Anita e João.)
JOÃO (para Anita): __ Lá em casa o mosquito da
dengue não tem vez. Uso velas cheirosas para espantá-los e ainda coloco borra
de café na água das plantas.
ANITA (para o amigo): __ Eu também não dou
trégua para aqueles danadinhos. Uso repelente o dia todo. Olha (fala abrindo a bolsa) carrego até
comigo. (mostra o repelente.)
(Enquanto
eles saem, o casal de mosquitos entra e dança ao som de “Pega na mentira”)
(MÚSICA PEGA NA MENTIRA)
(Entram
Josué e Catarina. Durante a conversa dos dois, os mosquitos tapam os ouvidos
para não ouvir.)
CATARINA: __ Josué, é verdade
que os mosquitos se reproduzem mais rápido na época de calor?
JOSUÉ: __ Sim, Catarina. O
número de casos de dengue aumenta no verão porque chove mais e o mosquito precisa de água acumulada para
colocar seus ovos.
CATARINA (na dúvida): __ Então na época do frio
estamos a salvo dessa doença?
JOSUÉ (repreendendo): __ Não, Catarina. No inverno devemos continuar o
combate ao mosquito eliminando seus criadouros.
(Saem
os dois e entram Pedro e Ricardo, de lados contrários, de modo a se encontrarem
no meio. Pedro traz uma raquete para pegar mosquitos.)
RICARDO (parando próximo ao amigo): __ Uai, não
sabia que você jogava tênis.
PEDRO (sorrindo): __ É que estou sempre
preparado praquele danado do mosquito da dengue. Não deixo um só escapar. (finge que dá uma raquetada no ar.)
RICARDO: __ A minha arma é o
ventilador. Com aquele vento todo quero ver aquele mosquitinho chegar perto.
(Enquanto
eles saem, o casal de mosquitos entra e dança ao som de “Pega na mentira”)
(MÚSICA PEGA NA MENTIRA)
(Entram
Sabrina e Luíza que conversam preocupadas. Enquanto conversam, mosquitos seguem
de ouvidos tapados.)
SABRINA: __ Eu já te falei,
Luíza. Não adianta só secar os lugares com a água parada. Tem que lavar porque
o ovo do Aedes aegypti pode ficar até mais de um ano sem água.
LUÍZA: __ Bichinho mais
danado! Pode deixar, Sabrina. Vou secar e lavar com bucha os recipientes com
água. Ouvi falar que colocar água sanitária na água também pode ajudar.
SABRINA: __ É verdade. Temos
que ser mais espertos que os tais mosquitos. (saem.)
D.
BENTA
(se levanta da cadeira e se aproxima das
crianças): __ Venham, crianças. Chega de ficar espiando a rua. Vamos cuidar
da vida que lá vem chuva.
NARIZNHO (para os outros): __ Vamos. A professora
prometeu que amanhã vai falar mais sobre o assunto.
(Eles
saem do palco. Barulho de chuva...Os mosquitos ficam alvoroçados
ao redor do copinho.
Passa o tempo. Galo cantando. .Entra a professora que é
acompanhada pelos alunos Emília, Narizinho, Pedrinho e outros.)
PROFESSORA (para a turma): __ Vamos nos assentar,
crianças. Vamos tentar nos informar mais sobre a dengue para sabermos como
evitá-la e afastá-la de nossas casas.
Hoje eu preparei uma aula diferente. Espero que gostem. (se assenta.)
COMEÇA O TEATRO DE FANTOCHES.
MARINALVA: Oh de casa! Oh,
Cumade Serafina!
SERAFINA: Oi, Cumade Marinalva! Vamos entrar!
MARINALVA: Não Cumade, que a demora é pouca. Só vim ver
se o Cumpade Totonho poderia ir lá em casa limpar meu quintal.
SERAFINA: Xi, Cumade, vai dar
não! Totonho tá de cama que até dá dó!
MARINALVA: Uai, o que deu nele
Cumade? Ele é forte como um touro. Num é quarquer coisa que dirruba ele não!
Melhor a gente dá uma oiada.
OUTRA CENA (MANÉ TOTONHO NA CAMA, MANCHAS VERMELHAS PELO CORPO)
MARINALVA:
Tarde,
Cumpade! Uai sô! Só de chegar perto dá pra sentir a quentura. O que tu tá
sentindo, home de Deus?
TOTONHO
(GEMENDO):
Ai, Cumade! Parece que levei uma surra de chicote. Além da febre, a dor de
cabeça é de lascar, os ossos parece que tá tudo quebrado. E essas manchas
vermelhas?... Tô parecendo que vou pular Carnaval.
MARINALVA: Óia, Cumpade, num
quero assustá o sinhô, não! Mas tem uma tar de dengue...
TOTONHO
E SERAFINA
(JUNTOS): Tar de quê???
MARINALVA: Uma doença danada
que tem esses sintomas, causada por um mosquitinho...
SERAFINA: Peraí, Cumade! Uns
pritinho pintado de branco que anda inté de dia?
MARINALVA: Esse mesmo,
Cumade!!! A sinhora já viu eles?
SERAFINA: É craro!!! O quintal
tá cheio deles. Cada vasilha com água parada tem um punhado. Mas num deve ser
eles não, Cumade! Uns bichinho tão piquinininho!!!
MARINALVA:
Se
engana não, Cumade! Eles tem tirado a vida de muita gente. Bom, vou arrumar
outra pessoa pra limpar meu quintal. Ah! Vamos ter que propor um mutirão para
os nossos vizinhos. Não adianta um só limpar o quintal. Todo mundo deve fazer o
mesmo afinal de contas esses mosquitinhos não têm asa só de enfeite.
SERAFINA (arrependida): Vou
prestar mais atenção no meu quintal. Vou enxotar esses mosquitinho enxerido do
nosso quintar.
TOTONHO: Vai mesmo muié que
agora eu num aguento. Já pensou se essa coisa pega um dos nosso netinho?
SERAFINA: Não quero nem
imaginar, Totonho! Já estou com remorso. Deixa eu ir. Agora é guerra contra o
mosquito.
PROFESSORA (se levantando): __ Por hoje é só turma!
Agora, vamos para casa, mas com uma missão: pensar numa maneira de ajudar a
combater a dengue. Vamos colocar essas propostas em ação. Mas lembrem-se de que
para acabar com a dengue precisamos de ações coletivas.
EMÍLIA (arrependida): __ Agora entendo a necessidade de acabarmos com os
criadouros do mosquito. Vamos nos organizar! A dengue é um problema de todo
mundo. Todo mundo tem que participar dessa guerra.
TODOS (de punhos para o alto): __ Vamos!!!
(Saem
do palco e vão buscar os cartazes.)
(Entra
Júnior brincando com um celular e se senta ao banco. Entra o casal de mosquitos
e o rodeiam, cantando EU VOU PEGAR VOCÊ E TÃE.)
Eu vou
pegar você e tãe, tãe, tãe, tãe
Eu vou
picar bem gostosinho
Eu vou
pegar você e tãe, tãe, tãe, tãe
Vou te
deixar bem doentinho.
Basta
um dia você vacilar
E eu
chegar bem perto de você
Vou
prender você à minha dengue
Você
vai ver o que é que eu vou fazer.
(Repete
a 1ª estrofe.)
(Nesse
momento, entra o grupo da escola em passeata com os cartazes, cantando AMOR DE
CHOCOLATE.)
Preto branco amarelo pra dengue tanto faz
Ela vai te deixar louca
E acabar com
a sua paz
Acabar com a sua paz.
Entre logo nessa guerra você é capaz
Eu já tô cheio dessa dengue
E agora eu quero é paz
Cada vez eu quero mais.
Entre logo nessa guerra você é capaz
Eu já tô cheio dessa dengue
E agora eu quero é paz
Cada vez eu quero mais.
MOSQUITO
MACHO
(para a esposa): __ Xi, mulher! O
bicho agora pegou foi pro nosso lado. Vamos embora daqui. Se essa tal de guerra
for pra frente vai ser difícil encontrar um lugar pra morar e criar nossos filhos.
(Saem cabisbaixos.)
TODOS: Eu vou acabar com ela, pra ela não acabar comigo
Tampo a lata o pneu o litro
Eu sou guerreiro
sou vencedor sei que não tá fácil
Mas sei que um dia vou acabar
com essa doença.