Esta semana encerra-se o período de campanha eleitoral para o primeiro turno das eleições gerais. E o papel exercido pela mídia nacional - passível de toda crítica, dada a parcialidade dos fatos noticiados - em nada tem agradado a maioria do eleitorado, a ponto de um dos principais jornais de circulação impressa (O Estado de SP) ter se sentido pressionado a declarar apoio incondicional ao candidato das elites, José Serra (PSDB-DEM-PPS). Já o maior periódico do país não teve a mesma coragem de mostrar sua verdadeira posição e continua tentando enganar a sociedade com o discurso do pseudo-apartidarismo. O mesmo ocorre com várias revistas semanais e emissoras de televisão.
Na última semana, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promoveu, na sede do Sindicato dos jornalistas de São Paulo, um ato “contra o golpismo midiático e em defesa da democracia”, do qual participaram, além de jornalistas, diversas representações sociais e sindicais. Sem dúvida, este foi o momento de maior destaque da insatisfação popular contra a posição ardilosa da mídia na cobertura do processo eleitoral em todo país, em especial na corrida presidencial.
A reação dos detentores do poder midiático - digam-se, as poucas famílias representantes da elite econômica, como bem têm frisado diversos formadores de opinião - foi no sentido de desqualificar o ato popular contra o golpismo promovido por eles próprios, sob a alegação de afronta à liberdade de imprensa assegurada pela Constituição. Esquecem-se, porém, dos acordos firmados com os militares para legitimar o golpe de 1964 e com o governo FHC, a fim de propalar a hegemonia neoliberal, a qual surrupiou o patrimônio nacional. Mas o que esses senhores temem, de fato, hoje, é o aprimoramento das relações de imprensa sob os pilares da democracia, exigência contundente da maioria da população.
O desespero em ver consolidado, já no primeiro turno das eleições, o projeto popular em curso na esfera federal, e que tem ganhado terreno nos entes federados, sobretudo na representatividade do Congresso Nacional, é o que mais assusta a elite midiática, que se vê ameaçada também pelo crescimento das mídias alternativas, em especial a internet.
A reformulação democrática dos critérios de financiamento da propaganda governamental, que no governo Lula priorizou a interiorização e os pequenos e médios veículos de comunicação (rádios, jornais e revistas), fez com que a fonte das grandes empresas midiáticas “secasse”, de sorte que as mesmas necessitam de um representante no Palácio do Planalto para se manterem economicamente saudáveis e exercendo - anacronicamente - o mesmo poder de influência sobre os cidadãos e cidadãs. A intenção consiste em retomar e ampliar para todo Brasil, os contratos governamentais firmados entre o governo do Estado de SP e os veículos de comunicação que lhe dão suporte, visando à distribuição do conteúdo dessas mídias às escolas e outros órgãos públicos.
Ao ver o “bonde” da história e das eleições passando, a mídia golpista tenta criar factóides e manipular pesquisas de intenções de voto, num claro gesto de desestabilização do processo eleitoral em benefício de seu combalido candidato. Por isso, devemos estar muito atentos e determinados a combater as artimanhas que, certamente, ainda aparecerão até o próximo domingo, a fim de garantir total isenção à vontade popular no sufrágio democrático.
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