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15 de mar. de 2011

Atividade sobre a Campanha da Fraternidade 2011

O texto abaixo pode ser trabalhado aproveitando o tema da CF deste ano. O assunto é a água e a indiferença com que este bem precioso é tratado por muita gente. O texto foi adaptado do site Ecofuturo que está realizando o 7º Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso, este ano como o tema "Vamos cuidar da vida". Este texto (na íntegra) e outros que falam dos cuidados com a vida você encontra em: http://www.ecofuturo.org.br/uploads/conteudos/textos_de_apoio/cuidadosComAVida.pdf
Caso tenha sugestões de como trabalhar este texto na sala de aula, teremos o prazer de divulgá-las.

A gota d’água


No momento em que escrevo, já se passaram 166 dias sem cair uma gota de chuva no meu quintal em Brasília. A grama está totalmente ressecada, as folhas das árvores encolheram e a falta dos insetos que aparecem com as chuvas está deixando os pássaros esfomeados.
Muitos brasileiros não sabem o que é passar por uma experiência como essa, e muitos outros convivem constantemente com a falta de água.
Fiquei imaginando como seria se pegássemos duas famílias, uma acostumada com chuva regular e outra acostumada à carência de água, e fizéssemos uma troca de moradias, mesmo por uma semaninha.
Se pegássemos uma família que reside numa mansão em um bairro nobre de São Paulo e trocássemos sua moradia pela de outra família, pobre, que mora em um casebre de pau-a-pique no sertão paraibano?
A família da Paraíba instalada em São Paulo logo aprenderia a conviver com água jorrando de um chuveiro com a força de uma cachoeira; com água esguichando da torneira da pia; água abundante usada até para lavar calçadas, carros e encher piscinas. É água, para se “servir à vontade”.
E lá no sertão, como seria a adaptação da família paulistana? De todos os desconfortos que sentirá, a falta de água é o que mais incomodaria. Buscá-la no lombo de burro a quilômetros da casa, ou trazê-la de volta em velhos galões enferrujados acomodados em cima da cabeça, seria uma experiência traumática.
E qual seria a reação ao ver que a única água disponível no açude distante é barrenta? E que o mesmo açude é usado por outras pessoas para lavarem roupas e panelas? E também por vacas, bodes e cachorros – enfim, todos os bichos – para matar a sede? Diante disso, o zelo para curtir um banho de meia-hora, ou desperdiçar litros de água para lavar os pratos, ou limpar a carroça, logo seria cortado na raiz! A água seria muito mais valorizada e todos iam cuidar para não desperdiçar uma gota sequer.
Segundo a ONU, o consumo diário ideal por pessoa é de 110 litros de água. Em São Paulo, a média é de 300 litros por dia, volume inconcebível para um morador do sertão, onde cada gole é buscado com suor.
Em certas regiões da África, o consumo per capita beira míseros 4 litros por dia, volume igualmente inconcebível segundo nossos padrões. E como tudo é exagero na capital do país, uma pesquisa de 2009 aponta a região do Lago Sul de Brasília como o maior consumidor do mundo: 1.000 litros por pessoa por dia! Lá, a maioria das residências tem piscina.
Como existem crianças que não sabem que o leite sai da vaca e que as laranjas nascem em árvores, também somos milhões que não têm idéia de onde vem a água que usamos diariamente. De algum rio, uma represa, um lençol freático, da chuva?
Se não sabemos, ou não nos importamos com a proveniência da água que aparece milagrosamente, pura e cristalina, quando abrimos a torneira, como iremos nos importar com o seu destino depois que a utilizamos?
No Brasil, temos a sorte de viver num país de água, água fornecida gratuitamente pelas chuvas abundantes que enchem o subsolo, os rios, lagos e reservatórios.
Mas, no futuro? Qual será o impacto do desmatamento da Amazônia e das mudanças climáticas no regime de chuvas? Mesmo que não moremos no sertão, está na hora de cuidarmos melhor de cada gota.

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