Pesquisa revela que Brasil vive um apagão cultural
No século XXI, ir ao cinema ou visitar algum centro cultural ainda são programas impossíveis para a grande maioria dos cidadãos.
Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - um órgão ligado à Presidência da República, revelou uma espécie de apagão cultural no Brasil.
Tia e sobrinho, juntos, curtindo a semana de Natal. O desejo de levar o menino pra ver um filme ou uma peça, é só desejo mesmo.
Tem cinema aqui? “Só lá longe”, diz o menino.
Ainda era início de setembro em Magé, interior do Rio, quando esse grupo de amigos foi ao cinema pela última vez. Um evento, que precisa ser organizado com semanas de antecedência.
É preciso arranjar um carro, dividir combustível, levar dinheiro pro pedágio.
A próxima sessão está a 40 quilômetros de distância.
“Você sai para fazer isso. Você sai para ir ao cinema e volta não tem como você”, diz um morador.
É uma viagem? “É você chega a fazer uma viagem”, conta.
Magé nem é tão pequena assim. Tem 230 mil habitantes e fica a setenta quilômetros do Rio de Janeiro, considerado um dos principais centros culturais do país.
Mesmo assim, aqui não tem cinema e nem teatro. A principal diversão das pessoas aqui é essa: caminhar na praça, olhar para as pessoas, sentar no banco e assistir a vida passar.
Em Moita Bonita, no Sergipe e em Arroio do Padre, no Rio Grande do Sul, é a mesma coisa.
Os jovens sonham com o dia em que terão, ali na esquina, um teatro... Ou um cinema.
“Cinema eu nunca fui porque aqui na cidade não tem”.
“Para assistir um cinema tem que ir pra capital”.
A mais pura frustração cultural que se multiplica pelo país. É o que diz um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. De cada 100 municípios brasileiros, 98 não têm salas públicas de cinema, nem centros culturais. E 83 não possuem salas de espetáculos ou teatros que pertençam ao município. É o retrato da política cultural existente no país.
“A presença do estado é muito reduzida e precisaria avançar do ponto de vista do país se transformar em uma grande nação onde o conhecimento e a cultura se transformam no principal ativo na sociedade do conhecimento”, conta Marco Porchmann, presidente do IPEA.
Pelo menos um dos indicadores é bom: só uma em cada dez cidades do Brasil não possui uma biblioteca. Mas onde elas não existem, fazem uma falta danada.
Dona Rosa decidiu não esperar. Também em Magé, no Rio de Janeiro, ela atrai crianças como abelhas ao mel só com folhetos de propaganda e livros velhos recolhidos nas redondezas.
Não é preciso muito pra ver o que acontece...
“Cinema não tem, biblioteca não tem, teatro não tem. E aí esse lugarzinho que a senhora criou acaba sendo o que pra elas? É tudo pra elas. Eu acho que é tudo. Porque aqui eles encontram algo pra fazer. Aqui ocupa a mente com coisas boa e na rua o que aprende?”, conta a aposentada Rosa Carneiro.
Mesmo assim, ainda encontramos quem critique a atitude da Prefeitura de Curvelo ao tornar o Cine Teatro Virgínia um Patrimônio Público. É um apagão cultural mesmo...
Cine Virgínia: agora um patrimônio dos curvelanos
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