ENTREVISTADO: Professor Rogério da Fonseca Trindade (Professor das Séries Iniciais na Rede Municipal de Ensino de Curvelo/MG há 24 anos)
Instituição: ESCOLA MUNICIPAL DR. VIRIATO DINIZ MASCARENHAS
Professor: ROGÉRIO DA FONSECA TRINDADE
Tipo de aluno especial: SÍNDROME DE DOWN
Data da entrevista: 10/5/2014
O que é a inclusão escolar na sua opinião?
SIGNIFICA TRAZER PARA DENTRO DO AMBIENTE ESCOLAR REGULAR
AQUELES ALUNOS QUE TRADICIONALMENTE SÓ ERAM ATENDIDOS EM ESCOLAS ESPECIALIZADAS
DEVIDO ÀS SUAS NECESSIDADES ESPECIAIS, SEJA EM RELAÇÃO À LOCOMOÇÃO, À FALA, À
VISÃO E OUTRAS. A INCLUSÃO PROCURA, ENTÃO, GARANTIR O ACESSO, A PERMANÊNCIA E A
PARTICIPAÇÃO DE TODOS NA ESCOLA, INDEPENDENTEMENTE DAS CARACTERÍSTICAS
SINGULARES DE CADA UM.
Como é trabalhada a inclusão com o aluno especial, e como é
a sua dinâmica e interação com a turma?
NO CASO EM QUESTÃO, O ALUNO
APRESENTA A TRISSOMIA DO CROMOSSOMO 21 (SÍNDROME DE DOWN). O MESMO APRESENTA
UMA BOA INTERAÇÃO COM O RESTANTE DA TURMA. É MUITO QUERIDO E, ÀS VEZES, ATÉ
SUPERPROTEGIDO PELOS COLEGAS. PARTICIPA DE TODAS AS ATIVIDADES EM GRUPO
DESENVOLVIDAS EM SALA DE AULA, PORÉM COM ATIVIDADES INDIVIDUAIS DIFERENCIADAS
LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO SEU DÉFICIT COGNITIVO (DEMORA MAIS PARA APRENDER), UMA
DAS CARACTERÍSTICAS DA SÍNDROME. CONTUDO, OS COLEGAS SÃO ORIENTADOS A DAR MAIS
AUTONOMIA PARA O MESMO DEIXANDO-O, POR EXEMPLO, AMARRAR O PRÓPRIO CADARÇO.
Qual orientação foi recebida pelo professor, para esse tipo
de trabalho de inclusivo?
RECEBEMOS ORIENTAÇÃO DA
ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO (SUPERVISORA) QUE TAMBÉM FAZ O ATENDIMENTO
ESPECIALIZADO CONTRATURNO DO ALUNO. ENTRETANTO, NÃO HÁ NENHUMA PREPARAÇÃO OU
CURSO ESPECÍFICO, EXCETO NOS CASOS DOS PROFESSORES DE LIBRAS E BRAILE, UMA VEZ
QUE A ESCOLA TAMBÉM FAZ ESSE ATENDIMENTO. É A CHAMADA FORMAÇÃO CONTINUADA COMO GOSTAM DE DIZER OS
ESPECIALISTAS. SEGUNDO ELES, VOCÊ SÓ APRENDE A TRABALHAR COM O ALUNO NA
PRÁTICA. NO INÍCIO DO ANO, O PROFESSOR TEM ACESSO ÀS FICHAS OU LAUDO DO ALUNO
E, A PARTIR DAÍ, TEM DE SE PREPARAR E ATUAR POR CONTA PRÓPRIA. NÃO POSSO DEIXAR
DE DESTACAR QUE TEMOS O AUXÍLIO DA ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO A QUEM SEMPRE
RECORREMOS NOS CASOS DE DIFICULDADE.
O processo das aulas responde à diversidade do
alunado?
AS AULAS SE DÃO, SIM, DE FORMA
DINÂMICA, DE MODO A POSSIBILITAR A PARTICIPAÇÃO DE TODOS. NESSE CONTEXTO, O
ALUNO SE TORNA SUJEITO CONSTRUTOR DO SEU CONHECIMENTO.
Os alunos são ativos no seu processo de aprendizagem?
Os alunos são estimulados a dirigir sua própria aprendizagem? Os alunos são
estimulados a ajudar os colegas? Como isso é feito? Quais são as dinâmicas
utilizadas e como aluno é orientado sem ser excluso?
COMO DITO ANTES, SIM. OS ALUNOS
PARTICIPAM ATIVAMENTE DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM. O ESTÍMULO À COLABORAÇÃO
FAZ PARTE DO AMBIENTE ESCOLAR E OS COLEGAS GOSTAM MUITO DE AJUDAR AQUELES QUE
APRESENTAM QUALQUER DIFERENÇA SEM NENHUMA IMPOSIÇÃO DA ESCOLA OU DO PROFESSOR.
CONTUDO, SÃO ORIENTADOS A AJUDAR NA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA DOS COLEGAS,
AUXILIANDO-LHES NAS ATIVIDADES SEM, PORÉM, FAZEREM POR ELES. NO CASO ESPECÍFICO
DO ALUNO PORTADOR DA SÍNDROME DE DOWN, ELE FAZ ATIVIDADES A NÍVEL DE 2º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL, MAS SEUS COLEGAS DE TURMA SÃO DO 5º ANO. MESMO ASSIM, ELE
SE SENTE PARTE INTEGRANTE DA TURMA E NÃO SE SENTE EXCLUÍDO. É FELIZ LÁ E SEUS
COLEGAS TAMBÉM SE SENTEM FELIZES POR TÊ-LO AO LADO DELES.
Existe alguma preparação da turma sem necessidade e
da sala de aula, como alguma adaptação, para receber o aluno especial?
TODOS OS ALUNOS DA ESCOLA COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS SÃO TAMBÉM ATENDIDOS NO CONTRATURNO. A
ESCOLA POSSUI RAMPAS DE ACESSO À ÁREA INTERNA DA ESCOLA, AO PÁTIO E À SALA DE
AULA PARA FACILITAR A MOBILIDADE DE CADEIRANTES. POSSUI TAMBÉM UMA GAMA DE
RECURSOS ÁUDIO-VISUAIS PARA ATENDIMENTO A ESSE TIPO DE ALUNADO.
Como eles são avaliados?
OS ALUNOS COM QUALQUER TIPO DE
NECESSIDADE EDUCACIONAL ESPECIAL SÃO AVALIADOS CONFORME A DIFICULDADE QUE
APRESENTAM E TODA EVOLUÇÃO É VALORIZADA. SEUS PROCESSOS E DIFICULDADES SÃO
REGISTRADOS NO PDI (PLANO DE DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL).
Qual a o maior desafio de trabalhar com alunos
inclusivos com tal tipo de deficiência trabalhada na sua classe?
O MAIOR DESAFIO QUE TENHO ENFRENTADO
NO TRABALHO COM A SÍNDROME DE DOWN FOI A FALTA DE INFORMAÇÃO INICIAL. NA
INTERNET, MUITO SE FALA SOBRE AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E DIFICULDADES DE QUEM
A APRESENTA, MAS POUCO SUPORTE PARA QUEM TRABALHA EM SALA DE AULA. NO INÍCIO,
TEM-SE A SENSAÇÃO DE IMPOTÊNCIA E DE QUE NADA VAI DAR CERTO. OUTRO ENTRAVE
ACABA SENDO A PRÓPRIA FAMÍLIA QUE, MUITAS VEZES, É PERMISSIVA POR CAUSA DO
PROTECIONISMO (O QUE É PERFEITAMENTE ACEITÁVEL PELO ENVOLVIMENTO EMOCIONAL),
MAS QUE VAI NA CONTRAMÃO DO PROCESSO, UMA VEZ QUE, EM GERAL, ESTE TIPO DE ALUNO
TEM DIFICULDADES EM CUMPRIR REGRAS. OUTRA DIFICULDADE É A ASSISTÊNCIA
INDIVIDUAL QUE O ALUNO DEMANDA ESTANDO NUMA CLASSE DE 5º ANO, MAS COM NÍVEL
INTELECTUAL DE 2º ANO. ISSO FAZ COM QUE O PROFESSOR TENHA DE SE DESDOBRAR TANTO
EM CASA, NA PREPARAÇÃO DE SUAS ATIVIDADES, QUANTO EM SALA DE AULA JÁ QUE A
DEPENDÊNCIA DO ALUNO É GRANDE. PORÉM, VALE SALIENTAR QUE O TRABALHO COM ESTE
TIPO DE ALUNO É MUITO GRATIFICANTE. FAZ-NOS PARAR PARA PENSAR NO VERDADEIRO
SENTIDO DA VIDA, ENSINA-NOS A NOS COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO E ENXERGAR O NOSSO
ALUNO COM OUTROS OLHOS: OS OLHOS DO CORAÇÃO.
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