PEÇA APRESENTADA NA E. M. DR. VIRIATO DINIZ MASCARENHAS, NO DIA 27 DE MARÇO, PELOS ALUNOS DO 5º ANO.
AUTOR: ROGÉRIO DA FONSECA TRINDADE
CENÁRIO: Uma fazenda de cana, a Fazenda
BURRADA, com árvores e canavial. Coronel Pafúncio está na varanda da casa.
Rosinha, a filha, numa mesa ao lado. Um córrego à frente (criança vestida de córrego).
NARRADOR: ___ Coronel
Pafúncio era o fazendeiro mais rico daquela região. Vivia numa fazenda muito
grande com sua filha Rosinha, já que era viúvo. A Fazenda Burrada, onde se
plantava cana, prosperava cada vez mais, mas ao seu redor o que se via era
muita pobreza. Os trabalhadores moravam em casinhas bem pobres e não iam nem à
cidade, a não ser que fosse muito necessário. Rosinha, que era professora (em uma mesa preparando aulas), tinha um
bom coração e tentava ajudar as crianças e suas famílias, mas seu pai não
gostava de seus palpites em defesa dos trabalhadores.
ROSINHA: (Com paciência) ___ Papai, não é justo que essa fazenda cresça cada
vez mais rodeada pela pobreza! Pague um salário mais justo aos trabalhadores!
CORONEL: ___ Rosinha, minha filha, eu
já falei que desse assunto cuido eu. Você já me fez construir uma escola pra
esse povo. Então, vá dar sua aula!!! (Fala,
ríspido)
ROSINHA (impaciente): ___ Salário digno e boas
condições de trabalho são direitos do trabalhador, papai!
CORONEL: ___ Eu num obrigo
ninguém a ficar aqui na fazenda. Quem quiser, que vá embora!!! (Fala alto. Rosinha volta para suas atividades.)
CAPATAZ (Entra apavorado): ___ Coroné! Coroné! (Tira o chapéu ao ficar de frente para o Coronel) Chegaro! Chegaro!
(Coronel faz sinal pra ele parar. Rosinha
sai, fazendo sinal negativo com a cabeça.)
CAPATAZ( Depois que ela
sai.): ___ Um caminhão cheinho deles. Viero lá das bandas do Norte. Mando
direto pro trabaio?
CORONEL (Na
dúvida): ___ Deixa eu ver essa gente. Tomara que prestem pra trabaiar
mesmo. O plantio tá atrasado. (Vão até a
varanda. O caminhão para de frente com os trabalhadores. O coronel faz sinal
positivo com a cabeça.)
CORONEL (Batendo
nos ombros do capataz. Depois sai.):
___ Bão trabaio!!! Pode leva-los. (O
capataz faz sinal para os trabalhadores acompanharem-no. Vão até a mercearia
onde se lê: MERCEARIA DA BURRADA.)
VENDEDOR: ___ Sejam bem-vindos, pessoal! Vamos pegar os
mantimentos pro mês. O Coronel é exigente. Todo mundo tem que acertar as contas
assim que receber o salário. (Os
trabalhadores pegam os mantimentos, enquanto o vendedor vai anotando.)
CAPATAZ (Para
os trabalhadores.): ___ Vambora, pessoa! Vão guardar suas coisas que amanhã
é dia de trabalho. (Saem.)
NARRADOR: Aquela pobre gente chegou à fazenda acreditando numa vida melhor.
Vieram se juntar a outros que já estavam ali. Mas a promessa de emprego poderia
ser uma cilada. Rosinha continuava seu trabalho com as crianças e elas cresciam
com seus ensinamentos. A professora acreditava que se elas estudassem teriam
uma vida melhor que a dos pais.
(Rosinha entra seguida dos alunos. Eles param
em 2 filas.)
ROSINHA
(Para as crianças.) ___ Então,
crianças, aprendemos na aula de ontem que moramos num planeta chamado Terra,
mas que tem a maior parte de água. Mas apenas uma pequena parte dela está
disponível para nossas atividades. Então, temos que preservá-la. Me mostrem o
que prepararam sobre esse assunto. (AS CRIANÇAS APRESENTAM UMA EXPRESSÃO
CORPORAL SOBRE A ÁGUA.) Sanráh Música Água.avi
NARRADOR:
Vários meses se passaram. Os trabalhadores, aos poucos, foram percebendo e
sentindo as reais intenções do Coronel.
CAPATAZ (Entra
correndo.): ___ Coroné, acabou o espaço!
CORONEL (Sem
entender.): ___ Que espaço, home de Deus?
CAPATAZ: ___ O espaço para plantar a cana.
Tem muita muda ainda, mas a terra acabou!
CORONEL (Pensativo,
olha as árvores ao redor.): ___ Não sei pra quê tanta arvre. Chama os home
e manda derrubar (aponta as árvores).
Vamos aproveitar e fazer carvão com a madeira. Quer saber? Manda as criança
ajudá também.
CAPATAZ (Saindo.):
___ Tá bom!
ROSINHA (Entrando,
sem acreditar no que ouviu.) ___ Como é que é, papai? Eu ouvi direito? Vai
colocar as crianças pra trabalhar? E a escola?
CORONEL (Com
raiva.): ___ Pra quê escola aqui no meio do mato? Elas tem que ajudar os
pai sim. Aqui, nas minha terra, ninguém fica sem trabaiar.
(Rosinha
vai para sua mesa, emburrada. Volta o capataz com os trabalhadores, algumas
crianças. Se põem a cortar as árvores com machados.) Canto dos
Escravos Grupo Ecco
EXPRESSÃO CORPORAL: Zé
Ramalho Admirável Gado Novo
(Coronel
se senta, admirando a fazenda depois que eles saem. Capataz está junto
dele. A criança que faz a água se enrosca de modo a virar apenas um poço.)
NARRADOR: ___ É... pelo visto a situação dos trabalhadores não era boa por
aquelas bandas. Mas a coisa ainda podia piorar. Vejam só...
(Entram três trabalhadores que tiram os
chapéus em frente ao Coronel.)
1º TRABALHADOR (Tímido.):
___ Dia, Coroné... Com sua licença... É... o Coroné sabe que a situação não tá
fácil...
CAPATAZ (Se intrometendo.): ___ Desembucha
logo que tem serviço esperando ocês!
2º TRABALHADOR: ___ Coroné, o caso é que nóis tá trabaiando aqui há dois
meses e tamo sem salário.
CORONEL (De
forma áspera.): ___ Por acaso oceis tão passando fome? Têm casa, água e luz
de graça! O que mais querem?
3º TRABALHADOR: ___ Com seu respeito, Coroné, queremos nossos direitos!
Temos que receber pelo nosso trabaio.
CORONEL (Com
raiva.): ___ Quer saber de uma coisa? Quem não tiver satisfeito aqui, pode
ir embora!
CAPATAZ (Mais
uma vez, se intrometendo.): ___ É, mas antes tem que pagar tudo que deve lá
na Mercearia do Coroné. (Os trabalhadores
se entreolham e saem cabisbaixos. Rosinha
fica sem acreditar no que vê.) Canto dos Escravos
Grupo Ecco
NARRADOR: O Coronel Pafúncio era mesmo um homem muito duro. Ficava cada vez mais
rico, enquanto seus trabalhadores se empobreciam cada vez mais. Para piorar a
situação, com o corte das árvores, a água, que antes era abundante, começou a
faltar. O córrego agora era formado de apenas alguns poços. As pessoas
começaram, então, a armazenar água em casa, usando baldes, tambores... enfim,
tudo que pudesse guardar água.
(Entram
dois empregados com baldes. Atrás de cada um, um mosquito da dengue que ficam
lá no fundo.)
EMPREGADO: ___ Coroné, parece que passou um trator em cima do
povo. Muitos estão doentes e mal conseguem levantar.
ROSINHA (Preocupada.): ___ O que aconteceu?
Explica direito!
EMPREGADO: ___ Eles reclamam de dores pelo
corpo, dor de cabeça, febre...
CORONEL (Cortando.):
___ Eles estão é fazendo corpo mole pra não trabalhar. Conheço essa gente!
ROSINHA: ___ Não, papai! Esses sintomas são
da dengue. Com tanta gente guardando água em casa pode ser que o mosquito da
dengue esteja por aí. Vou dar uma olhada. (Saem
Rosinha e os dois empregados.)
NARRADOR: __ Rosinha tinha certeza de que era a dengue. As crianças já tinham dado
notícias na escola. Discutir com o pai não adiantava, mas, Rosinha saiu dali com
uma ideia na cabeça.
(O
Coronel fica cochilando por ali. Aparecem os mosquitos que voam ao seu redor
como num pesadelo. Dançam a Música:
Encontrei uma casinha... nha...
Bem descuidada... da... pra morar... rá...
rá...
Lá no quintal... tal... tal... tem
vasilhinha... nha...
Pra botar... pra botar os meus ovinhos.
Encontrei água parada...da...
E agora... ra... vou picar... cá... cá...
O seu bracinho... nho... ou sua perninha...
nha...
Vou te picar... vou te picar... e a dengue te
passar.)
MOSQUITO 1: ___ Pensou que ficaria livre de nós se escondendo atrás de
sua riqueza?
MOSQUITO 2: ___ Nós pegamos qualquer um: rico ou pobre, preto ou
branco, gordo ou magro. Facilitou a gente pica!
MOSQUITO 1: ___ Basta deixar a água parada
que vimos botar nossos ovos!
MOSQUITO 2: ___ Nós sempre vamos encontrar
uma aguinha parada. Não precisa ser muito. Pode ser um balde, um tambor, uma
lata e até uma tampinha. Tem sempre alguém descuidado pra nos dar uma ajudinha.
OS DOIS MOSQUITOS (Para o público): ___ Se
você também quer nos dar uma ajudinha, então deixe a água parada que vimos
depressinha!
(Os
mosquitos voltam aos seus lugares. Coronel
se ajeita na cadeira, como acordando de um pesadelo. Entra Rosinha com seus alunos.)
TODAS AS CRIANÇAS (Para o Coronel.): ___ Bom
dia, Sr. Coronel Pafúncio!!!
CORONEL (Muito mal humorado.): ___ Bom dia só
se for proceis. Que bom dia que nada! É um pesadelo atrás do outro. O córrego
está secando e agora essa dengue que não deixa o povo trabaiar. Quê que tem de
bom dia nisso?!
ALUNO 1:
___ Coronel, quem sabe podemos ajudar?
ALUNO 2:
___ Primeiro, Coronel, é preciso recuperar a nascente. Vamos substituir as
árvores que foram derrubadas ao longo do córrego. Elas protegerão a água e
evitarão a erosão do solo que pode entupir o córrego. Além disso, vão melhorar
o clima por aqui.
ALUNO 3:
___ Com relação à dengue, já sabemos o que fazer, mas todo mundo vai ter que
ajudar. Vamos ensinar a todos que não devemos deixar a água acumulada onde o
mosquito possa botar seus ovos. Vamos fazer um mutirão de limpeza e acabar com
os criadouros desse bichinho.
ALUNO 4:
___ Nós vamos conscientizar as pessoas. Temos certeza que elas vão colaborar
nessas duas missões: cuidar bem da água e com a dengue acabar.
CORONEL (Abraçando
a filha.): ___ Nossa, minha filha, que crianças inteligentes e espertas. O
lugar delas é mesmo na escola. Você estava certa!
ALUNO 5:
___ Coronel, pra começar, queremos deixar aqui este cartaz que fala da
construção da liberdade onde ainda há tráfico humano. Temos certeza de que com
boa vontade de todos, podemos melhorar o mundo inteiro. (Entrega o cartaz da CF 2014 ao Coronel. Crianças e professora vão
fazendo o reflorestamento e tampando as vasilhas. Mosquitos se mudam de lugar.)
Depende
de nós
NARRADOR: A partir daquele dia, as coisas começaram a mudar na Fazenda Burrada.
Com o tempo, o córrego foi recuperado e a dengue foi vencida. Graças às
crianças da professora Rosinha e um certo cartaz que foi entregue ao Coronel
naquele dia.
CORONEL (Gritando.):
___ Justino! (Ele vem correndo.) Vá
chamar o pessoal. Vamos pagar os salários atrasados e pagá-los melhor. Quem
quiser ficar será bem tratado, mas quem quiser embora pode ir. (Justino sai. O Coronel afixa
o cartaz de frente para o público. Também prega uma nova placa com o novo nome
da fazenda: FAZENDA LIBERDADE.)
MENSAGEM COM A MÚSICA ACIMA AO FUNDO.
Esperamos que tenham gostado da nossa
apresentação. Esperamos, também, que todos tenham entendido a importância da
luta de todos nós para a preservação da água, evitando o desmatamento, para a
erradicação da dengue, evitando a água parada e os possíveis criadouros do
mosquito, e, por fim, para acabar com toda e qualquer forma de tráfico humano e
de escravidão, através de ações que ajudem na libertação do ser humano como a
educação e a promoção da paz. Por falar em liberdade, quanto custa a liberdade
para você? Você se acha uma pessoa livre? Como você faz para conquistar sua
liberdade? Deixaremos a nossa mensagem final através de mais uma expressão
corporal. Obrigado a todos pela atenção!
DANÇA FINAL. Banda
Monte Zion O Preço da Liberdade
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