O roubo do fogo (Antonieta Dias de Moraes) – Lenda
Indígena
Há muito tempo atrás, a terra era de
todos, mas o fogo, não. O fogo possuía um dono. O dono do fogo era o Urubu. Para o Urubu não esfriar, ele trazia o fogo sempre escondido debaixo das
asas.(Entra o Urubu com o fogo debaixo do braço.)
Baíra, observando que naquele tempo os índios secavam os alimentos ao sol, resolveu roubar o fogo para que eles pudessem cozinhar sua comida.
Baíra era muito inteligente. Sabia muitas coisas. Falavam que foi ele que ensinou os Parintintim
a caçar passarinhos com visgo … Também os ensinou a usar o sangab, uma espécie de peixe fingido, para retirar os peixes de verdade.
Certo dia, o jovem índio Baíra falou:
―Por que o fogo tem que ter dono? O fogo deve ser de todos! A água tem dono? Não tem. O sol tem dono? Não tem. A terra tem dono? Não tem. E as plantas tem dono? Não tem. Então por que o fogo há de ter dono? Não pode! O fogo tem que ser de todos.
Baíra então planejou roubar o fogo do Urubu. Entrou no mato, se cobriu de folhas e de cupins, depois se deitou no chão, sem se mexer, fingindo-se de morto.
Dali a pouco ouviu um zumbido. Era a mosca azul. Ela examinou o defunto falso e em seguida saiu em disparada para o céu.
O Urubu veio logo... Não perdeu tempo, trouxe o fogo debaixo das asas. Amigos e familiares o acompanhavam. Segundo os índios, na época, Urubu era como gente: tinha mãos e tudo. Mesmo morando no céu, comia carniça como hoje. Com as mãos preparava o moquém, uma grelha feita de varas que servia para assar e defumar a carne e o peixe.
Ele preparou o moquém e colocou o fogo embaixo. Soprou, soprou deixando o fogo bastante vermelho e muito quente. Baíra não se mexia, porém abria um dos olhos e espiava, espiava, para aprender a mexer com o fogo. Quando estava aceso, o Urubu chamou os filhos para olharem o fogo...
De repente, Baíra mexeu-se, sem querer. Os filhos de Urubu olharam o fogo e avisaram:
―Papai o homem se mexeu!
Urubu não acreditou e mandou os filhos caçarem moscas azuis, com as flechinhas que havia lhes dado. Os pequenos se distraíram caçando moscas e esqueceram o fogo.
Baíra se levantou, de repente, e roubou o fogo. Na mesma hora ele fugiu.
Baíra, observando que naquele tempo os índios secavam os alimentos ao sol, resolveu roubar o fogo para que eles pudessem cozinhar sua comida.
Baíra era muito inteligente. Sabia muitas coisas. Falavam que foi ele que ensinou os Parintintim
a caçar passarinhos com visgo … Também os ensinou a usar o sangab, uma espécie de peixe fingido, para retirar os peixes de verdade.
Certo dia, o jovem índio Baíra falou:
―Por que o fogo tem que ter dono? O fogo deve ser de todos! A água tem dono? Não tem. O sol tem dono? Não tem. A terra tem dono? Não tem. E as plantas tem dono? Não tem. Então por que o fogo há de ter dono? Não pode! O fogo tem que ser de todos.
Baíra então planejou roubar o fogo do Urubu. Entrou no mato, se cobriu de folhas e de cupins, depois se deitou no chão, sem se mexer, fingindo-se de morto.
Dali a pouco ouviu um zumbido. Era a mosca azul. Ela examinou o defunto falso e em seguida saiu em disparada para o céu.
O Urubu veio logo... Não perdeu tempo, trouxe o fogo debaixo das asas. Amigos e familiares o acompanhavam. Segundo os índios, na época, Urubu era como gente: tinha mãos e tudo. Mesmo morando no céu, comia carniça como hoje. Com as mãos preparava o moquém, uma grelha feita de varas que servia para assar e defumar a carne e o peixe.
Ele preparou o moquém e colocou o fogo embaixo. Soprou, soprou deixando o fogo bastante vermelho e muito quente. Baíra não se mexia, porém abria um dos olhos e espiava, espiava, para aprender a mexer com o fogo. Quando estava aceso, o Urubu chamou os filhos para olharem o fogo...
De repente, Baíra mexeu-se, sem querer. Os filhos de Urubu olharam o fogo e avisaram:
―Papai o homem se mexeu!
Urubu não acreditou e mandou os filhos caçarem moscas azuis, com as flechinhas que havia lhes dado. Os pequenos se distraíram caçando moscas e esqueceram o fogo.
Baíra se levantou, de repente, e roubou o fogo. Na mesma hora ele fugiu.
O Urubu, ao ver aquilo, avisou sua
gente. Foram todos juntos à procura do ladrão. Baíra escondeu-se no oco de uma
árvore. O Urubu e sua gente também tentou
entrar no oco do pau. Para escapulir, Baíra saiu pelo outro lado e entrou em um
matagal que havia por perto.
Urubu fracassou, devido as asas que o atrapalhava. Foi desta forma que Baíra pode fugir e encontrar a margem de um rio muito largo... Do lado de lá estava todo o seu povo, a tribo dos Parintintins, mas o rio era tão largo que ele não podia atravessar.
Queria entregar o fogo mas o rio o separava. Chamou a cobra surradeira, uma espécie de cobra que corre muito e falou:
―Aqui está o fogo. É necessário levá-lo para minha gente que fica do outro lado do rio. Vá rápido, para que o fogo não apague.
Colocou o fogo aceso nas costas da surradeira, e ordenou que levasse através da água. A cobra, ouvindo a ordem de Baíra, partiu rápido, mas infelizmente não chegou ao lado oposto.
Baíra puxou o fogo com uma vara, que tinha a ponta em gancho, e chamou o camarão. O camarão chegou até o meio do rio, mas, não suportando o calor, virou camarão cozido e ficou vermelho, e assim é até hoje.
Baíra puxou o fogo com a vara novamente, e chamou o caranguejo. Depois, disse de si para si:
“O caranguejo, sim, é que vai levar o fogo para meu povo”.
Mas o caranguejo não suportou o calor e, chegando ao meio do rio, ficou todo vermelho como é até hoje.
Baíra não desistiu. Puxou o fogo para si e colocou às costas de uma saracura.
―Vou levar o fogo a sua gente do outro lado do rio.
A saracura partiu em disparada, quase sem roçar a água, mas não teve tempo de alcançar o outro lado. Nem sentiu o calor do fogo nas costas e começou a gritar:
―Não pode ! Socorro! Socorro!
Baíra pegou o fogo e chamou o sapo-cururu. .. Este pegou o fogo e...pula-que-pula,nada-que-nada foi levando-o para os parintintim, que aguardavam na margem oposta . Chegou pertinho, mas estava exausto, não conseguia sair da água. Os índios levaram-no para a terra, e pegaram o fogo.
Feito isso, Baíra apertou o rio e o fez estreitar-se como um riacho. Deu um salto e chegou à margem oposta facilmente. Encontrou o seu povo, que festejou a façanha do herói durante uma semana, com festas e danças.
A partir daquele dia, graças a Baíra, os Parintins conheceram o fogo. Puderam assar o peixe e a caça no moquém.
Cururu, o sapo, por ter levado o fogo virou o pajé. (Os índios colocam o cocar no sapo.) Por isso é chamado “ladrão do fogo”, e pode comer o foguinho dos vaga-lumes sem se queimar.
Mas, quando faz frio, não há fogo que o aqueça. Aí, ele se recorda do fogo de verdade, e canta assim: "Sapo Cururu na beira do rio..."
Urubu fracassou, devido as asas que o atrapalhava. Foi desta forma que Baíra pode fugir e encontrar a margem de um rio muito largo... Do lado de lá estava todo o seu povo, a tribo dos Parintintins, mas o rio era tão largo que ele não podia atravessar.
Queria entregar o fogo mas o rio o separava. Chamou a cobra surradeira, uma espécie de cobra que corre muito e falou:
―Aqui está o fogo. É necessário levá-lo para minha gente que fica do outro lado do rio. Vá rápido, para que o fogo não apague.
Colocou o fogo aceso nas costas da surradeira, e ordenou que levasse através da água. A cobra, ouvindo a ordem de Baíra, partiu rápido, mas infelizmente não chegou ao lado oposto.
Baíra puxou o fogo com uma vara, que tinha a ponta em gancho, e chamou o camarão. O camarão chegou até o meio do rio, mas, não suportando o calor, virou camarão cozido e ficou vermelho, e assim é até hoje.
Baíra puxou o fogo com a vara novamente, e chamou o caranguejo. Depois, disse de si para si:
“O caranguejo, sim, é que vai levar o fogo para meu povo”.
Mas o caranguejo não suportou o calor e, chegando ao meio do rio, ficou todo vermelho como é até hoje.
Baíra não desistiu. Puxou o fogo para si e colocou às costas de uma saracura.
―Vou levar o fogo a sua gente do outro lado do rio.
A saracura partiu em disparada, quase sem roçar a água, mas não teve tempo de alcançar o outro lado. Nem sentiu o calor do fogo nas costas e começou a gritar:
―Não pode ! Socorro! Socorro!
Baíra pegou o fogo e chamou o sapo-cururu. .. Este pegou o fogo e...pula-que-pula,nada-que-nada foi levando-o para os parintintim, que aguardavam na margem oposta . Chegou pertinho, mas estava exausto, não conseguia sair da água. Os índios levaram-no para a terra, e pegaram o fogo.
Feito isso, Baíra apertou o rio e o fez estreitar-se como um riacho. Deu um salto e chegou à margem oposta facilmente. Encontrou o seu povo, que festejou a façanha do herói durante uma semana, com festas e danças.
A partir daquele dia, graças a Baíra, os Parintins conheceram o fogo. Puderam assar o peixe e a caça no moquém.
Cururu, o sapo, por ter levado o fogo virou o pajé. (Os índios colocam o cocar no sapo.) Por isso é chamado “ladrão do fogo”, e pode comer o foguinho dos vaga-lumes sem se queimar.
Mas, quando faz frio, não há fogo que o aqueça. Aí, ele se recorda do fogo de verdade, e canta assim: "Sapo Cururu na beira do rio..."
A MORTE QUE FEZ UM HOMEM RICO – Conto Português
Um homem tinha muitos filhos e todos
os homens daquele lugar já eram seus compadres.
A mulher ficou grávida outra vez e
estava pronta para dar a luz. O homem,
que não queria pedir a mais ninguém, saiu de casa para encontrar um padrinho
para o menino.
Encontrou no caminho um homem muito
desfigurado, que lhe perguntou aonde ele ia.
Ele contou-lhe, e o homem disse-lhe
que voltasse para trás, que ele seria o
padrinho da criança. Assim foi.
Quando acabou o batizado, o homem
disse:
— Compadre, repare bem para mim, para
me conhecer onde quer que me encontrar. Eu sou a Morte. Tu muda de casa e
faz-te médico, que hás-de ganhar muito dinheiro. Em tu me vendo aos pés da cama
de qualquer doente, é porque ele escapa. Em tu me vendo à cabeceira, é porque
ele morre.
O homem assim fez; começou a ter
muita fama e ganhava muito dinheiro e já estava muito rico mais os filhos.
Num dia a Morte chegou-se ao pé dele
e disse-lhe:
— Bem, agora já te fiz rico, mas hoje
chegou a tua vez e venho matar-te.
O homem pediu muito que o deixasse
viver mais um ano.
A Morte consentiu.
O homem então mandou fazer uma torre
de bronze, com as paredes muito grossas, para a Morte lá não entrar.
Quando o ano estava quase a acabar,
ele mandou fazer um anel de ouro, meteu-o no dedo e fechou-se na torre.
Estava lá a descansar junto à família,
e apareceu-lhe a Morte ao pé dele.
Ele, muito assustado, perguntou-lhe:
— Ó comadre Morte, tu por onde é que
entraste?
A Morte disse que pelo buraco da
fechadura.
Ele então disse-lhe:
— Já que tu te meteste pelo buraco da
fechadura, hás-de meter-se pelo buraco desta cabaça.
A Morte meteu-se e ele tapou a cabaça
com uma rolha e disse à Morte:
— Agora sai daí para fora se és
capaz.
A Morte disse-lhe:
— Ó compadre, pois eu fiz-te tanto
benefício, e tu agora queres-me aqui deixar dentro desta cabaça? Tira-me a
rolha, que eu não te faço mal.
O homem tomou a perguntar-lhe se ela
não lhe fazia mal. A Morte disse que não.
Ele destapou a cabaça e, ao tempo que
destapou, caiu, mas não morto, e a Morte roubou-lhe o anel. Ele disse:
— Ó comadre, então tu prometeste-me
que não me matavas, e agora queres-me matar. Deixa-me ao menos rezar um
Padre-Nosso pela minha alma.
A Morte consentiu. Ele o que fez?
Começou a rezar o Padre-Nosso até ao
meio e depois tornava a começar. De modo que a Morte não o podia matar.
O homem então saiu da torre e começou
outra vez na sua vida.
Um dia andava ele à caça e a Morte
fingiu-se de morta no meio do monte.
O homem chegou e, julgando que era um
homem morto, disse:
— Ah! Pobre homem, quem te matou?
Deixa-me ao menos rezar um Padre-Nosso pela tua alma.
Rezou, mas ao tempo que acabou, a
Morte levantou-se e matou-o.
POR QUE O MORCEGO SÓ VOA À NOITE – CONTO AFRICANO
Há
muito e muito tempo houve uma tremenda guerra entre as aves e o restante dos
animais que povoa as florestas, savanas e montanhas
africanas.
Naquela
época, o morcego, esse estranho bicho, de corpo semelhante ao do rato, mas
provido de poderosas asas, levava uma vida mansa voando de dia entre as enormes
e frondosas árvores à cata de insetos e frutas.
Uma
tarde, (...) foi despertado pelos trinados aflitos de um
passarinho:
(Passarinho) - Atenção, todas as aves! Foi declarada a guerra aos quadrúpedes . Todos que têm asas e sabem voar devem se unir na luta contra os bichos que andam no chão.
(Passarinho) - Atenção, todas as aves! Foi declarada a guerra aos quadrúpedes . Todos que têm asas e sabem voar devem se unir na luta contra os bichos que andam no chão.
O
morcego ainda estava se refazendo do susto, quando uma hiena passou correndo e
uivando aos quatro ventos:
(Hiena)
_ Vamos todos os quadrúpedes vencer esta batalha!
(Morcego) - E agora? Eu não sou uma coisa nem outra.
(Morcego) - E agora? Eu não sou uma coisa nem outra.
Indeciso,
não sabendo a quem apoiar, resolveu aguardar o resultado da luta:
(Morcego) - Eu é que não sou bobo. Vou me apresentar ao lado que estiver vencendo.
(Morcego) - Eu é que não sou bobo. Vou me apresentar ao lado que estiver vencendo.
Dias
depois, escondido entre as folhagens, viu um bando de animais fugindo em
carreira desabalada, perseguidos por uma multidão de aves que distribuíam
bicadas a torto e a direito. Os donos de asas estavam vencendo a batalha e, por
isso, ele voou para se juntar às tropas aladas.
Uma
águia gigantesca, ao ver aquele rato com asas, perguntou:
(Águia) - O que você está fazendo aqui?
(Morcego) - Não está vendo que sou um dos seus? Veja! Vim o mais rápido que pude para me alistar.
(Águia) - Oh queira me desculpar . Seja bem-vindo à nossa vitoriosa esquadrilha.
(Águia) - O que você está fazendo aqui?
(Morcego) - Não está vendo que sou um dos seus? Veja! Vim o mais rápido que pude para me alistar.
(Águia) - Oh queira me desculpar . Seja bem-vindo à nossa vitoriosa esquadrilha.
Na
manhã seguinte, os animais
terrestres, reforçados por uma manada de elefantes, reiniciaram a luta e
derrotaram as aves, espalhando penas para tudo quanto era lado.
O
morcego, na mesma hora, fechou as asas e foi correndo se unir ao exército
vencedor.
(Leão) - Quem é você?
(Morcego) - Um bicho de quatro patas como Vossa Majestade.
(Elefante) - E essas asas? Deve ser um espião. Fora daqui!
(Leão) - Quem é você?
(Morcego) - Um bicho de quatro patas como Vossa Majestade.
(Elefante) - E essas asas? Deve ser um espião. Fora daqui!
O
morcego, rejeitado pelos dois lados, não teve outra solução passou a viver
isolado de todo mundo, escondido durante o dia em cavernas e lugares escuros.
É
por isso que até hoje ele só voa de noite.
*Obs.: Algumas modificações foram feitas nos textos para melhorar a dinâmica das apresentações, bem como foi criada uma trilha sonora com efeitos especiais.