A lenda é uma narrativa criada pela tradição oral com o objetivo de explicar fatos e fenômenos para os quais não existem explicações precisas. Apresenta uma relação direta entre o momento histórico e o povo que a cria. De acordo com o motivo, a lenda representa uma modalidade diferente. Formação de cidades, origem dos povos, explicação sobre fenômenos da natureza, são alguns dos temas mais abordados nas lendas. Como todas as histórias fantásticas mexem muito com o imaginário infantil, como essas duas trabalhadas na sala de aula. Na preparação é feito uma sondagem do conceito de lenda e o levantamento daquelas que os alunos já conhecem.
TEXTO 1
A Origem do fogo
Palenosamó era uma velha feiticeira que não gostava dos outros índios, por isso, vivia sozinha no fundo da floresta, numa clareira, longe da tribo. Naquele tempo, os homens ainda não conheciam o fogo. Os seus beijus eram secos ao sol e tinham um gosto meio ruim. Palenosamó também só podia comer as coisas cruas.
Certo dia, ela saiu de casa para apanhar alguns ramos. Juntou a lenha e arrumou-a como para uma fogueira, cuspiu em cima e a madeira pegou fogo. "Ah! Disse ela, esfregando as mãos. Agora vou ter comida quente." Preparou um moquém (grelha de varas), fez beijus, caxiri e regalou-se. Estava contente da vida.
Numa tarde, quando o sol tostava a terra e todos repousavam debaixo das cabanas, uma jovem índia entrou na floresta. Foi andando até dar com a casa da feiticeira. Subiu numa árvore e ficou a olhar. Tudo estava silencioso. O vento tinha parado. Nenhuma folha se mexia. Daí a pouco, apareceu a velha no terreiro. Pegou um pouco de lenha, juntou-a e fez fogo outra vez. A moça ficou muito espantada. Desceu da árvore, afastou-se devagar para não ser percebida, e, quando já estava a uma boa distância, deitou a correr o mais que podia.
Chegou na taba quase sem fôlego. Contou aos companheiros o que vira; como a velha índia fizera fogo. Ao receber a notícia, os homens ficaram satisfeitíssimos. "Vamos para lá! Precisamos de fogo também." Foram.
A moça, na frente, ia-lhes mostrando o caminho. Finalmente, chegaram. Falaram a Palenosamó: "Sabemos que tens fogo. Dá-nos!" A feiticeira ria-se, negando-se a atendê-los. "Se não nos dás o fogo, nós te obrigaremos!" Gritaram os índios. Agarrando-a, prenderam-na consigo, voltando à tribo.
No meio da taba, amarram-na num poste. Juntaram, em torno dela, bastante lenha. Em seguida, apertaram o ventre da velha feiticeira, até que não agüentou mais e cuspiu sobre a madeira. O fogo apareceu, vivo e forte. Queimou a terra, em baixo, transformando-a numa pedra. Essa pedra, quando é batida em outra igual, solta faíscas. Desse modo, os índios aprenderam a fazer fogueiras e não tiveram mais de comer os alimentos crus.
TEXTO 2
Há muitos anos, em uma tribo indígena, contava-se que a lua (Jaci, para os índios) era uma deusa que ao despontar a noite, beijava e enchia de luz os rostos das mais belas virgens índias da aldeia - as cunhantãs-moças. Sempre que ela se escondia atrás das montanhas, levava para si as moças de sua preferência e as transformava em estrelas no firmamento.
Uma linda jovem virgem da tribo, a guerreira Naiá, vivia sonhando com este encontro e mal podia esperar pelo grande dia em que seria chamada por Jaci. Os anciãos da tribo alertavam Naiá: depois de seu encontro com a sedutora deusa, as moças perdiam seu sangue e sua carne, tornando-se luz - viravam as estrelas do céu. Mas quem a impediria? Naiá queria porque queria ser levada pela lua. À noite, cavalgava pelas montanhas atrás dela, sem nunca alcançá-la. Todas as noites eram assim, e a jovem índia definhava, sonhando com o encontro, sem desistir. Não comia e nem bebia nada. Tão obcecada ficou que não havia pajé que lhe desse jeito.
Um dia, tendo parado para descansar à beira de um lago, viu em sua superfície a imagem da deusa amada: a lua refletida em suas águas. Cega pelo seu sonho, lançou-se ao fundo e se afogou. A lua, compadecida, quis recompensar o sacrifício da bela jovem india, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente de todas aquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", única e perfeita, que é a planta vitória-régia. Assim, nasceu uma linda planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.
ESTUDO DOS TEXTOS
1.Qual é o tipo de narrador das lendas que você leu: narrador-observador ou narrador-personagem? Explique como você chegou a essa conclusão.
2.Quando o narrador não participa dos acontecimentos da história, apenas os observa e os relata, a narrativa é escrita em 3ª pessoa. Quando ele age na narrativa, participando dos acontecimentos, a história é escrita em 1ª pessoa. O ponto de vista do narrador sobre os acontecimentos recebe o nome de foco narrativo. No caso do 1º texto, qual é o foco narrativo? E no segundo texto?
3. Uma conversa entre pessoas ou personagens recebe o nome de diálogo. Como o diálogo é marcado nos textos que você leu?
4. Entre as opções abaixo, identifique aquelas que levaram os índios a descobrir o fogo:
- Palenosamó ajudou-os a produzir o fogo.
- Descobriram que esfregando um pedaço de madeira no outro era possível produzir fogo.
- Aprisionaram Palenosamó que, pressionada, cuspiu fogo.
- Descobriram que uma velha índia era capaz de cuspir fogo.
5. Entre as opções abaixo, identifique aquela(s) que levaram ao aparecimento da vitória-régia:
- Os pajés transformaram a índia Naiá em uma flor das águas.
- A bela Naiá, cega pelo seu sonho, caiu na água e se afogou.
- A lua, com pena da jovem índia, transformou-a em vitória-régia.
- Naiá conseguiu realizar seu sonho de se transformar em estrela.
6. É possível saber em que época se passaram os acontecimentos relatados nos textos?
7. A lenda é criada para explicar fatos e fenômenos para os quais não exitem explicações precisas. Que fato gerou cada uma das lendas lidas?
8. Complete o quadro identificando semelhanças e diferenças entre os dois textos. Assinale com um X as características correspondentes a cada texto.